Quem cuida de quem?
Fez frio em novembro. Frio de dormir de cobertor. E esta doida oscilação de temperatura trouxe pra nós, paulistanos, mais flagelos para incluir em nossa coleção: gripe e pneumonia.
A professora de pilates caiu de cama. O oculista desmarcou a consulta porque está nocauteado, com febre.
A gente começa a ouvir espirros e tosse em toda parte. Fico com medo de andar de metrô e ser a próxima vítima destes vírus e bactérias tão evoluídos que põem a nós e nossa arrogância no chinelo.
Na casa da minha irmã foi uma reação em cadeia: começou pelas crianças, que trouxeram um resfriado chatinho da escola, que passou pra minha mãe, pra minha irmã e pro meu cunhado.
A coisa foi ficando sérias, as crises de tosse mais fortes. A casa dos avós foi interditada às crianças até segunda ordem. Era preciso brincar em outro lugar.
Assim minha sobrinha explicava às duas meninas de três anos que a bisa estava doente, o vovô estava doente e a vovó também, e por isso não podiam ir até lá.
Ao ouvir a explicação, uma das pequenas, consternada, perguntou: “Se a bisa está doente, o vovô está doente e a vovó também, quem vai cuidar de quem?”.
A mesma pergunta e faço todos os dias quando leio nos jornais sobre o comportamento do nosso Congresso, do presidente e de seu bando de ministros. E quando vejo os impactos nefastos da perda de direitos obtidos com muita luta e presencio cenas indesculpáveis de obscurantismo, retrocesso, intolerância, homofobia, machismo e racismo.
Foto: Br Freepik
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