Objetos identificados
Minha baleia de barro encontrou seu lugar no aparador da sala, embaixo da janela. Ela fica lá, quieta, à espreita de um vendaval que a leve de volta, na enxurrada, aos mares distantes dos quais partiu.
A baleia fica quieta, entre lembranças de ondas, ao lado da escultura da moça mergulhadora. Suspensa no ar, ela mergulha, em vão, no abismo da vida, no inconsciente largo e profundo.
Junto a elas – a baleia e a saltadora no abismo – estão os CDs que escaparam às sucessivas mudanças de endereço e latitude: minha trilha sonora que resistiu às inovações tecnológicas.
Junto dos discos, da baleia e da mergulhadora de águas profundas, repousa o quadrinho vermelho, goiano, de uma cavalhada caipiro-medieval. E mais: um vaso de planta, um toca CD de outra era.
Todos estes objetos, e a planta viva, tomam o mesmo sol quando esqueço de baixar a cortina.
Quantas coisas nos unem, sem sabermos?
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